Prefeitura promove o 1º Seminário de Saúde da Pessoa com Deficiência

A Prefeitura de Novo Hamburgo, por meio da Coordenação da Política de Saúde da Pessoa com Deficiência, da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), realizou na terça-feira, dia 28, a primeira edição do Seminário de Saúde da Pessoa com Deficiência. A iniciativa para profissionais da área foi organizada em parceria com a Associação dos Familiares e Amigos do Down Vinte e Um de Novo Hamburgo (Afad-21).
O evento ocorreu no auditório do 10º andar do Centro Administrativo Leopoldo Petry e superou em mais de 20% a capacidade de público para o espaço, que é de 150 lugares. Mais cadeiras foram colocadas á disposição da plateia extra que fez a sua inscrição antes de se iniciar o evento.
Já na área reservada para se credenciar, a importância do acolhimento foi enfatizada através de uma apresentação do diretor artístico da Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo (OSNH), o músico Gustavo Müller. Em um primeiro momento, como boas-vindas aos inscritos, ele se apresentou ao saxofone no corredor do 10º andar. Na sequência, Müller tornou melódica a abertura do seminário ao som de “Night and Day”, música de Cole Porter, famosa na voz de Frank Sinatra e que ganhou versão instrumental no evento.
Conforme a coordenadora da Política de Saúde para a Pessoa com Deficiência, Cler Oliveira, o simpósio teve como objetivo o desprendimento da ideia de que a deficiência, seja psíquica, intelectual ou física, traz em si o comprometimento das capacidades individuais e da interação social. “O encontro surgiu da necessidade de preencher essa lacuna, com palestrantes convidados a expor aos demais profissionais os resultados de suas pesquisas mais recentes e vivências”, observou.
Vale destacar da programação um momento especial, de quebra de protocolo, com a intervenção de uma das mães fundadoras da Afad-21, Gecy Maria Fritsch Klauck. Ela presidiu a entidade por quatro gestões. Gecy também esteve à frente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD) e foi conselheira do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade), além de ser mãe da Maíra Maria Klauck, que faz parte do projeto cinematográfico “Cromossomo 21”. A jovem é um exemplo de que com o apoio da família é possível a autonomia de pessoas com Síndrome de Down no mercado de trabalho e nas demais relações interpessoais graças ao desenvolvimento da sociabilidade. Em sua intervenção, que mobilizou os presentes, Gecy destacou “a força do sim” e arrancou aplausos dos espectadores.
Formaram a mesa de abertura o vice-prefeito de Novo Hamburgo, o médico Antônio Fagan, o secretário da Saúde, Naasom Luciano, a idealizadora do seminário, Cler Oliveira, o coordenador do Núcleo Municipal de Educação em Saúde Coletiva (Numesc), o médico de família Paulo Luchesi Soares, e a presidente da Afad-21, Ana Paula Nascimento. Para o Dr. Fagan, o simpósio representa a oportunidade de se avançar no atendimento da rede pública e na compreensão da sociedade pelo viés dos critérios da capacidade em vez do olhar para as limitações e eventuais empecilhos. “Mudar a forma de enxergar a outra pessoa exige que a gente se coloque, constantemente, no lugar do outro”, sublinhou em sua fala. Demais autoridades do Município também se fizeram presentes na Prefeitura durante a tarde.
Palestras enfatizaram o desenvolvimento da autonomia
Como primeira palestrante, a musicoterapeuta e doutora em Teologia Luciana Steffen apresentou um panorama sobre os seus estudos a respeito de direitos sexuais e reprodutivos das mulheres com deficiência. Luciana lembrou que se trata de uma discussão que precisa ser sensível e franca, mas segue causando desconforto na sociedade brasileira. “Ainda é grande a discriminação à mulher, o que dirá à mulher com deficiência”, salientou. “E em vez de usar a palavra dependência, tão arraigada a esse conceito, prefiro falar em interdependência a que todos nós estamos submetidos, pois ninguém tem absoluta autonomia ao pensarmos que precisamos sempre uns dos outros e não estamos aptos a tudo o que nos é apresentado na vida”, observou durante a sua palestra. De acordo com ela, os preconceitos precisam ser vencidos também dentro da própria rede de assistência com a maior sensibilização dos profissionais de saúde.
Depois de um breve coffee break, o evento contou com a palestra do Dr. Karlo Josefo Quadros e da fisioterapeuta Nadja Quadros, os pais da Ana Beatriz, como o casal também prefere se identificar. Eles apresentaram um painel sobre o atendimento humanizado à pessoa com deficiência intelectual, a partir de cases de suas convivências. Os profissionais vieram da capital federal Brasília, onde está localizado o Centro de Referência Interdisciplinar em Síndrome de Down, o CRISDown. Médico clínico da instituição, o Dr. Karlo também preside o Instituto Ápice Down.
“O nosso propósito é garantir o acesso ao atendimento irrestrito e especializado a quem tem a condição causada pela trissomia do cromossomo 21”, frisou o Dr. Karlo. Ele também fez uma análise importante sobre os avanços e o controle da genética. Já Nadja trouxe ao evento a experiência pessoal com a gravidez, o nascimento e o desenvolvimento da filha Ana Beatriz, falando das distorções de pensamento entre profissionais que atendem gestantes à espera de uma criança com Síndrome de Down. As palestras foram alinhadas com reserva de tempo para as perguntas do público.
Conforme a organização, o seminário cumpriu o seu objetivo de abrir espaço de análise e discussão sobre o tema proposto. O 1º Seminário de Saúde da Pessoa com Deficiência buscou tratar dos princípios, baseados na equidade, para o atendimento especializado da rede de saúde.