Higienização das mãos salva vidas

Linha de apoio
Campanha que reforça importância sobre os cuidados e prevenção à sepse é levada para equipes do Hospital Municipal e também visitantes
Publicado em 10/09/2018 - Editado em 15/10/2024 - 10:30
Três mulheres de jaleco branco
Campanha Prevenção à Sepse ocorreu com os profissionais do Hospital
Crédito
Márcia Greiner

Quem na infância ou na adolescência nunca ouviu aquela famosa frase dos pais: “Vai lavar as mãos!”. Independente da idade, a regra segue a mesma porque este ato simples previne contra as doenças. Se em casa o hábito é importante, imagine em um ambiente hospitalar, onde qualquer micro-organismo pode causar efeitos nefastos, colocando em risco à vida dos pacientes. Conscientizar a população e qualificar os profissionais da saúde do Hospital Municipal sobre a importância da higienização das mãos e as precauções são os objetivos e desafios da campanha Prevenção à Sepse, desenvolvida pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) da Fundação Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH).

Embora o Dia Mundial de Sepse tenha o 13 de setembro como data, o trabalho no Hospital Municipal é constante e ganhou intensidade na última semana. Um grande mural com informações e chamadas sobre os cuidados foi montado no segundo andar do Hospital Municipal. Os colaboradores de diversos setores também participam de palestras sobre higienização das mãos e limpeza concorrente (esterilização e limpeza de materiais que estiveram em contato com o paciente, como bombas de infusão, aparelhos de ventilação mecânica, entre outros).

Além das conversas diárias, no dia 14, às 15 horas, haverá palestra especial com a fisioterapeuta Cláudia Kist Fortino, que falará sobre Prevenção de Sepse PAV (pneumonia associada à ventilação). Um dia antes, marcando o Dia Mundial de Sepse, serão distribuídas bactérias simbólicas (desenhos) e histórias em quadrinhos para os visitantes a fim de que consigam, de uma forma mais lúdica, entender que a saúde de seus familiares enfermos também depende deles.

INFECÇÃO GENERALIZADA - Segundo a especialista em Saúde Pública e enfermeira da SCIH Cristina Manente Cruz, a sepse é um problema grave de saúde, sendo responsável por mais mortes do que o câncer ou infarto agudo do miocárdio. “Anteriormente conhecida como infecção generalizada, é uma inflamação que se espalha pelo corpo, resultante de uma infecção iniciada em qualquer órgão. A identificação precoce da doença e o tratamento adequado são os diferenciais para a sobrevida", afirma Cristina.

Para isso, é necessário que as equipes estejam devidamente treinadas para a identificação precoce, através de sinais de alerta e gatilhos de manejo. Pontos que são foco das palestras, uma vez que a lavagem das mãos deve acontecer sempre antes e após ter contato com um paciente, antes de realizar procedimentos e após se expor a fluidos corporais. “Essas medidas vão evitar que o paciente seja contaminado e também vão proteger os profissionais da saúde de possíveis doenças”, explica.

NÚMEROS IMPRESSIONAM - A gravidade do problema impressiona. Dados do Instituto Latino Americano da Sepse – ILAS apontam que o Brasil tem uma das mais altas taxas de mortalidade do mundo. Estima-se que sejam diagnosticados 400 mil casos por ano, levando 240 mil pessoas à morte. Sozinha, a doença representa cerca de 30% das internações em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). De acordo com a especialista, a letalidade de pacientes por sepse mais do que justifica a importância da campanha de conscientização para os profissionais de saúde e para a sociedade.

Cristina lembra que assim como os profissionais de saúde precisam obedecer as recomendações, também os visitantes devem seguir à risca as regras da instituição. “É comum, por exemplo, cumprimentar com a mão o enfermo. Nesse momento, pode haver a troca de micro-organismos patogênicos. A transmissão de várias doenças poderia ser facilmente quebrada se todas as pessoas lavassem as mãos com maior frequência”, ressalta. Hábito que deve ser levado para o dia a dia, independente de se estar ou não doente: lavar as mãos antes de se alimentar e preparar alimentos, após usar o banheiro, tossir, espirrar, assoar o nariz, brincar com animais e manusear o lixo e antes e após cuidar de ferimentos e, sobretudo, antes de visitar pessoas hospitalizadas.

SAIBA MAIS

A lavagem das mãos pode ser feita com água e sabão - uma prática simples que é responsável pela redução de contaminação com uma parcela de micro-organismos adquiridos pelo contato com pessoas e objetos, além de sujeira e substâncias orgânicas.

Para uma limpeza ainda maior, utilizam-se agentes antissépticos, como o álcool 70%.

Quando não diagnosticada e tratada rapidamente, a sepse pode comprometer o funcionamento de um ou vários órgãos do paciente e levar até a morte.

Qualquer processo infeccioso – seja uma pneumonia ou infecção urinária – pode evoluir para um quadro de sepse.

Quais são os sintomas?

A organização britânica UK Sepsis Trust, que se dedica a informar sobre a doença e a ajudar pacientes, lista seis sintomas que devem servir de alerta:

– Fala arrastada

– Tremores extremos ou dores musculares

– Baixa produção de urina (passar um dia sem urinar)

– Falta de ar grave

– Sensação de que pode morrer

– Pele manchada ou pálida

Sintomas em crianças pequenas incluem:

– Aparência manchada, azulada ou pálida

– Muito letárgico ou difícil de acordar

– Pele fria fora do normal

– Respiração muito rápida

– Erupção cutânea que não desaparece quando você pressiona

– Convulsão