Amor multiplicado no Encontro de Prematuros da FSNH

No nascimento de uma criança há muito amor envolvido. Mas, com um prematuro, não há como calcular a proporção deste amor devido aos laços e amizades geradas a partir da convivência diária na UTI Neonatal. O Encontro de Prematuros do Hospital Municipal de Novo Hamburgo (HMNH) deixou isso bem evidente na tarde de sábado, 24. Cada um dos 45 pequeninos, nascidos em 2017 e 2018, teve seu nome pronunciado pela equipe de profissionais de saúde e logo paravam em seus braços, num reencontro emocionante e marcado por histórias familiares semelhantes.
Na solenidade de abertura do encontro, o presidente da Fundação Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH), Rafaga Fontoura, citou que a saúde do Brasil e do Rio Grande do Sul atravessa uma crise e Novo Hamburgo não é exceção. “Vivemos tempos difíceis, complicados e de muito trabalho. Estamos fazendo malabarismos para manter tudo funcionando e para que os moradores de Novo Hamburgo não fiquem desassistidos”, disse. Segundo ele, mesmo enfrentando tantas adversidades, momentos como esse são um estímulo e recarregam as energias. “Cada um destes pequenos milagres é a prova dos esforços e da dedicação de todos da FSNH, principalmente da equipe da UTI Neonatal, que coloca o coração no seu trabalho e luta por cada criança como se fosse um filho”, declarou.
Palavras endossadas pelo coordenador da UTI Neonatal da FSNH, o pediatra Pierre Prunes. “O trabalho que realizamos é uma soma de carinho, responsabilidade e treinamento técnico para que o objetivo final seja o de reencontrar os pequenos pacientes, que nasceram de uma forma acelerada, delicada e que não se imagina o quanto sensíveis são. Trato todos como meus filhos e este é o comportamento defendido junto a todos os médicos”, destacou. Ao lembrar que em breve, a UTI Neonatal deve estar em lugar definitivo – em referência à finalização das obras da nova unidade.
SEM COMPARAÇÕES - Prunes fez questão de desmistificar o atendimento SUS. “Não pensem que o atendimento aqui é inferior a outros hospitais só porque somos Sistema Único de Saúde. Trabalho há 18 anos na FSNH, 14 anos no Hospital Regina, 13 no Moinhos de Vento e trabalhei 7 na Santa Casa. E, digo, não há aparelhos diferentes, mas perfumaria (uma parede mais bonita talvez). Aqui temos excelentes equipamentos e um corpo médico de fazer inveja. Temos doutores em Neonatologia, professores de universidades, enfermeiros e técnicos de enfermagem premiados e que se dedicam dia a dia e gestores lutando contra as dificuldades para oferecer o melhor”, relatou. Condições de atendimento que renderam à UTI Neonatal da FSNH o segundo lugar entre nove maternidades avaliadas na macrorregião metropolitana.
Organizada com doações dos colaboradores da Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH), e de empresas, a comemoração em alusão ao Dia Mundial da Prematuridade (17 de novembro) se igualou a uma festa de aniversário com muitos salgados e doces e até presentes (brinquedos, livros de banho e broches de Nossa Senhora Aparecida, trazidos diretamente do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida e custeados pela equipe da UTI Neonatal do Hospital). Com uma decoração toda em tom roxo – a cor da prematuridade - a Sala da Feevale ficou pequena para tantos convidados. E alguns pais capricharam no visual dos filhos, vestidos de seus super-heróis, o que realmente são.
Já a diretora de Saúde, Maristela Saul, que representou o secretário Naasom Luciano, frisou a importância do atendimento humanizado, de se colocar no lugar das mães e pais. Também participaram do evento, os doutores Julio Cesar Schermer e Lilian Castro de Oliveira, a psicóloga Fernanda Jaeger, a fonoaudióloga Aline Stanislawski Silva, a gerente Assistencial da FSNH, enfermeira Fernanda Machado, a coordenadora da Maternidade da FSNH, Marisa Justen Ferreira, técnicos e enfermeiros e demais colaboradores da Fundação.
Amizades construídas na UTI Neonatal
Muitas vezes, não dá para programar o nascimento de um filho e o momento que era para ser de pura felicidade acaba se transformando em angústia, agonia de semanas ou meses. Este é o resumo de relatos de cada pai ou mãe que esteve no Encontro de Prematuros do HMNH. Mas o brilho no olho ao falar de seus pequenos heróis – alguns deles vestidos a caráter como os personagens - se sobrepõe a tudo que passaram. E cada história, embora diferentes, foi se cruzando e se transformando em amizades e conversas diárias nos grupos de whatsapp = isso mesmo, grupo de mães e pais de prematuros.
Com 35 semanas de gestação, Mariane Ramos de Oliveira teve duas meninas, hoje com quatro meses. Ao nascerem, Maria Cecília precisou ir para a UTI Neo, quatro dias depois foi a vez da Maria Antônia devido ao baixo peso “Foram 15 dias. Mas o que mais me chamou a atenção é que a partir do momento que as duas ficaram juntas, começaram a reagir e a melhorar”, contou Mariane.
Já para Carina Brizola do Nascimento o tempo foi maior. Seu segundo filho Enzo Raphael nasceu de sete meses e precisou ficar três meses e 15 dias na Neo. “No começo é uma aflição só, mas a equipe vai te orientando e isso ajuda a tranquilizar, principalmente quando você vê que seu pequeno está em boas mãos, com profissionais supercapacitados. E deu tudo certo, hoje meu Enzo está aqui com 8 meses”, conta Carina.
Com 11 meses, Miguel Alves Hoessler estava encantando com os balões da decoração. Olhando para o pequeno que nasceu com 24 semanas e 5 dias e que ficou internado na UTI Neonatal um mês e 29 dias, o pai Cristiano disse que não há palavras para descrever os momentos difíceis nem tão pouco para agradecer o atendimento. “Do médico ao cozinheiro, todos foram impecáveis”, afirma. Assim como Mariane, Carina e Cristiano muitas e muitas outras histórias poderiam ser contadas. Mas mesmo sem serem descritas o que vale é a comemoração da vida à frente e de saber que a FSNH e as equipes estão preparadas e qualificadas para lutar pela vida destes pequenos pacientes.