Defesa da biotecnologia para tratamento de esgoto ganha força em seminário

Publicada em 01/12/2014 - Atualizada em 17/10/2024
Sallas quer mais pessoas conhecendo os projetos que estão em desenvolvimento - Foto: Ronan Dannenberg
A Comusa – Serviços de Água e Esgoto de Novo Hamburgo e a Universidade Feevale promoveram nos dias 28 e 29 de novembro, sexta-feira e sábado, o Seminário Internacional: Tecnologias para Tratamento de Efluentes. O evento reuniu diversos especialistas do Brasil e do exterior para um debate sobre o uso de diferentes modelos para serem aplicados no esgoto. E a conclusão foi quase unânime. Por ser mais barata e com grande eficiência, a biotecnologia, principalmente com plantas, deve ser difundida e maior abordada dentro do cenário nacional.

O seminário foi realizado no auditório do Prédio Azul da Feevale. Nos dois dias, foram apresentados diversos modelos de tratamento de esgoto a estudantes, professores e profissionais da área do saneamento. Entre os projetos colocados, o com uso de plantas macrófitas, que será adotado pela Comusa na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Luiz Rau/Pampa. Outros modelos, como a aplicação de bambu, também foram apresentados. “Precisamos ampliar os biofiltros com vegetação. São recursos naturais, que estão de acordo com a natureza e se tornam muito mais eficazes”, enfatizou o presidente do Instituto Internacional de Ecologia (IIE), o professor José Galizia Tundisi.

Em diversos exemplos colocados pelos palestrantes, o uso de plantas no processo de tratamento de esgoto demonstrou eficácia mesmo sem a utilização de sistemas completos. É o caso da ETE Mundo Novo, da Comusa, que tem plantas macrófitas, mas apenas flutuando sobre um dos tanques. “Mesmo sem todo o sistema que vamos implementar futuramente, os resultados já são muito bons”, ressaltou o diretor-geral da autarquia, Mozar Dietrich. A autarquia construirá um protótipo com uso das plantas em breve.

Especialistas defendem difusão de novos modelos

O consultor e responsável técnico da Del Giudice Assessoria Técnica Ltda (DELGITEC), Fernando Rodrigues, salientou que o uso da biotecnologia ainda não é difundida pela falta de aplicabilidade. “A predominância de projetos com máquinas é muito grande. Isso faz com que outros modelos não tenham o mesmo espaço de divulgação. Plantas e outros projetos biotecnológicos precisam ser mais usados, para que mais gestores vejam que funciona”, declarou.

O coordenador de tecnologias da água na Fundação Centro das Novas Tecnologias da Água (CENTA), da Espanha, Juan José Sallas, não só defendeu o uso destes modelos, como que as pessoas procurem conhecê-los. “De crianças a adultos, é importante saberem as tecnologias utilizadas. Muitas vezes, a comunidade não sabe nem pelo que está pagando, sendo que o esgoto é produzido pelas pessoas”, ponderou.

O seminário também contou com palestras do ex-prefeito de Novo Hamburgo e ex-presidente da Companhia Riograndanse de Saneamento, Tarcísio Zimmermann, do diretor de exploração e técnico responsável na província de Cuenca (Espanha), Fernando Garcia, da professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Andrea Moura Bernardes, e do fundador e administrador da Arcadia Engenharia de Água, Ar e Solo (Espanha), Diego Rey Quintana. Ainda estiveram presentes o secretário de Meio Ambiente, Eduardo Bonato, e o pró-reitor de Pesquisa e Inovação da Feevale, João Alcione Sganderla, entre outras autoridades e lideranças.