Seminário traz novas alternativas para as áreas de saneamento e meio ambiente

O segundo dia do evento reuniu cerca de 200 pessoas no auditório do prédio Azul do Campus 2 da Universidade Feevale. Para o prefeito Tarcísio Zimmermann, o seminário alcançou seu objetivo, com a apresentação de uma série de experiências e que serão estudadas pela Administração. “Agora poderemos definir novos rumos dentro do panorama que estamos colocando para a cidade, objetivando tratar mais de 80% do esgoto no Município, um investimento de R$ 150 milhões, além de aprimorar projetos ligados aos resíduos sólidos”, enfatizou.
O diretor-presidente da Comusa, Mozar Dietrich, declarou que a partir das experiências coletadas durante o seminário, Novo Hamburgo passou a ter condições de tomar decisões sobre qual sistema será implantado na cidade. “O Rio Grande do Sul é um dos poucos estados que precisa ter o tratamento de esgoto terciário. Isso deixa o sistema muito mais caro, pois o efluente precisa passar por um processo muito maior. Por isso precisamos de novas alternativas”, frisou. A Administração vai produzir uma carta que será enviada aos governos estadual e federal solicitando auxílio na implantação de novos sistemas.
Estudos de casos dominaram palestras no segundo dia do evento
Entre os debates da manhã do dia 19, o gerente de Operação de Esgoto da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A (SANASA) de Campinas/SP, Renato Rosseto, apresentou a nova tecnologia que é implantada na cidade paulista no tratamento dos efluentes. O método utilizado usa membranas (como se fossem fios) feitas de fibra oca com bilhões de poros microscópicos. O material é desenvolvido na Alemanha e, conforme o especialista, facilita o trabalho. “O processo de tratamento, antes grande, se torna menor e mais compacto. O efluente é tratado para ir direto à reutilização”, explicou.
Outra experiência trazida para discussão foi a da cidade de Uberaba/MG. O presidente do Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento (CODAU) do município mineiro, José Luiz Alves, apresentou as ações desenvolvidas na localidade. As medidas foram contempladas em 2007 com um prêmio da Agência Nacional das Águas (ANA). “Nós ganhamos como melhor projeto técnico de despoluição das bacias hidrográficas com a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Rio Uberaba, onde adotamos reatores anaeróbios e a inovação de reutilização do lodo como adubo orgânico para as usinas de açúcar da região”, contou. Atualmente, a cidade utiliza também do sistema de lagoas aeradas, que permite a retirada de 95% da carga orgânica do efluente. “Com isso, o nosso custo operacional total é de cerca de R$ 150 mil”, explicou o presidente.
Outros exemplos ainda foram apresentados. Pela manhã, representantes da Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR) apresentaram um modelo de tratamento de esgoto com um sistema que produz menos lodo e mais biogás. Durante a tarde, foi a vez de Porto Alegre dividir as suas experiências com o tratamento de esgoto, feito através de nove estações. Para finalizar os painéis, o chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA) do Ministério das Cidades, Cássio Felipe Bueno, e o coordenador de financiamento à infraestrutura da Caixa Econômica Federal, Marcos Alexandre Almeida, falaram sobre as possibilidades dos gestores municipais conseguirem recursos para financiamento de obras.
Projetos com uso de juncos e plasma também foram apresentados
Na noite de segunda-feira, ainda no primeiro dia do seminário, foram apresentadas duas iniciativas de diferentes grupos. O representante da Hannover Projetos, Roberto Morale, trouxe uma experiência feita pela empresa na cidade de Mineiros/GO. Na localidade, foi criada uma central de tratamento de resíduos sólidos com uso de tochas de plasma, transformando os materiais coletados em pedras que podem ser utilizadas em artesanato, gerando renda à comunidade. “Muitos acham que o plasma gasta muita energia elétrica, mas o consumo é menor do que uma geladeira”, enfatizou.
Da Espanha, representantes do Grupo Valoralia apresentaram uma iniciativa com uso de lagoas com juncos. As palestrantes Aránzazu Ruiz Benito e Alicia Blazquez relataram que as plantas são capazes de sobreviver em águas contaminadas, fazendo o que elas definem como ecodepuração. “Os juncos filtram a água sem causar mau cheiro, sem consumir energia e não atrai mosquitos, de forma que esse sistema pode ser instalado em qualquer lugar”, afirmou Aránzazu. As espanholas apresentaram dados em cidades da Europa onde a mortalidade infantil reduziu em mais de 70% onde o sistema foi aplicado.