Seminário Lei Maria da Penha destaca a importância da denúncia no combate à violência contra a mulher

A tarde de sexta-feira foi para reflexão e debate em torno de um assunto que cada vez mais precisa ser intensificado: o combate à violência contra a mulher. Organizado pela administração municipal V Seminário Lei Maria da Penha foi aberto à comunidade, on-line. Com o tema Estratégias de Enfrentamento à Violência Doméstica e de Gênero em Tempos de Pandemia, a atividade teve a participação de 90 pessoas. “Ficamos felizes com a adesão dos participantes, dos questionamentos e dúvidas às palestrantes. Mas sabemos que é um tema que não se esgota aqui. A data de aniversário da Lei Maria da Penha deve ser vista como oportunidade de reforçar um debate que não pode ser esquecido”, diz a coordenadora de Políticas Públicas para Mulheres de Novo Hamburgo, Eliana Benkenstein.
A abertura do encontro ficou a cargo das meninas do Ballet Deise Fleck que fizeram uma encenação sobre como a mulher vítima de violência pode ser ajudada. Também foi exposto um vídeo com apresentação de dança do grupo.
A titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), de Novo Hamburgo, delegada Raquel Peixoto, foi a primeira palestrante e falou das estratégias de Enfrentamento à Violência. “Os 15 anos da Lei Maria da Penha vieram dar mais visibilidade para que a violência contra a mulher não seja mais tolerada. Não se pode naturalizar a violência contra a mulher”, afirmou a delegada.
Um dos pontos destacados por Raquel foi a importância da denúncia. No entanto, ela reconhece, não é um caminho fácil de percorrer. Muitas vezes, diz, a própria mulher demora a reconhecer um relacionamento abusivo e não se dá conta de que está sendo vítima de violência, principalmente quando a relação é de muitos anos. “O abusador disfarça seu perfil ao pedir desculpas, prometer que não vai mais agredir, e a mulher acredita porque a tendência dela é sempre manter a família. E, infelizmente, o ciclo de violência recomeça”, considera Raquel.
A titular da Deam falou ainda que a rede que a cidade de Novo Hamburgo oferece quando se trata de acolhimento a vítimas de violência é ágil e forte, se comparada a outras.
A importância da terapia e do apoio psicológico foi tema da explanação da psicóloga Ronalisa Torman, da Universidade Feevale. “Grupos de apoio fortalecem a compreensão do modelo patriarcal e da necessidade de romper laços com ele”, afirmou Ronalisa.
Dados de pesquisas sobre a violência contra a mulher foram apresentados pela professora de Direito da Universidade Feevale, Lisiana Carraro, que atua no Núcleo de Apoio aos Direitos da Mulher (Nadim). Ao falar do crescimento da violência doméstica especialmente na pandemia do coronavírus, ela também reforçou o quanto é importante que a mulher aceite romper o ciclo de abusos. “A violência contra a mulher, ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, atinge todas as classes sociai, não está somente nas periferias”, afirmou Lisiana. Dentre as ferramentas de apoio, Lisiana citou a estrutura oferecida pelos Centros de Referência em Assistência Social (CRASs) onde a mulher é acolhida e pode ter apoio psicológico.
O encerramento do seminário foi uma explicação sobre como a Lei Maria da Penha funciona na prática.
A organização do evento foi da Coordenadoria de Políticas Públicas para Mulheres de Novo Hamburgo, Centro de Referência em Assistência Social Viva Mulher (Creas Viva Mulher), Núcleo de Apoio aos Direitos da Mulher (Nadim) da Universidade Feevale, Ordem dos Advogados do Brasil - OAB Comissão da Mulher Advogada - Subseção NH e Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Comdim) com o apoio de outras entidades como Projeto Laços de Vida, da Universidade Feevale, e ainda Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SDS) e Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM).