Respeito e acolhimento na UAA Roda Vida trazem dignidade e apontam para um recomeço de vida

Uma nova fase de vida se desenha com dignidade depois de períodos de duro aprendizado em função da dependência química. Com gerenciamento da Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH), a Unidade de Acolhimento Adulto (UAA) Roda Vida oferece mais do que abrigo a quem busca fazer os primeiros movimentos para virar páginas em sua trajetória na busca por superar transtornos causados pelo uso continuado de substâncias como álcool e outras drogas.
A casa situada no número 2.575 da Rua Bartolomeu de Gusmão, uma das vias principais do bairro Canudos, guarda histórias pessoais e muitos sonhos. Ali, diante do portão e da grade que separam o espaço da calçada de esquina, o desejo de recomeçar e a esperança fizeram a sua morada.
A Roda Vida é uma unidade voltada à reinserção comunitária de quem se encontra em situação vulnerável do ponto de vista de sua saúde física e emocional, mas também de sua condição social. Vale lembrar que, entre outros fatores, o rompimento de vínculos familiares tende a agravar a situação desses usuários. Na UAA, eles são acolhidos conforme encaminhamento do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) AD II, uma sigla complementar que se refere a Álcool e outras Drogas, ou por meio do Ambulatório de Saúde Mental do Município.
A casa acolhedora permite o cuidado continuado dos residentes que necessitam de uma moradia transitória e segura até conseguirem reorganizar suas vidas sob diferentes prismas. O grande diferencial de uma UAA, como ocorre na Roda Vida, está na oferta de um local protegido para que realizem os tratamentos prescritos por médicos. A unidade conta com sala de TV e computador com refeitório, três quartos, dois banheiros, cozinha, sala administrativa e dispensa. Oito técnicos em Enfermagem e dois enfermeiros compõem a equipe.
O desenvolvimento do autocuidado e da autonomia faz parte do dia a dia dos usuários. Eles arrumam suas camas, organizam e providenciam a lavagem de suas roupas, vão ao banco, cuidam de seu bem-estar e seguem tratamentos indicados pelos profissionais de Saúde da rede pública de assistência. Podem sair e retornar à casa com tranquilidade, obedecendo a horários que não impactem no funcionamento do serviço 24 horas.
Além disso, atividades diárias ou semanais são oferecidas no local com o objetivo de promover habilidades pessoais. Oficinas de mandalas, de expressão vocal e corporal, culinária, noções de informática, jardinagem, práticas de educação financeira e organização doméstica estão na agenda de seus moradores.
Como um dos residentes da UAA Roda Vida, Delmir Medeiros Machado, 59 anos, vê em seu gosto por cuidar do jardim uma estratégia para passar o tempo e se sentir bem consigo mesmo, afastando de si a ideia de se enveredar por outras direções. “Na casa em que vivia com a minha família, eu já cultivava muitas folhagens”, relembra. “Agora, acolhido aqui nesta residência, eu continuo o meu tratamento no CAPS e me dedico mais aos canteiros, atividade que sempre gostei, tudo para eu sair desse vício triste que eu entrei”, acrescenta.
Conforme a coordenadora da UAA Roda Vida, a enfermeira Rosani Morsch, retomar as rédeas da sua vida é o ponto-chave para a reintegração social, mas os ensinamentos a usuários do serviço e equipe vão além. “Acredito que todos que passam pela UAA Roda Vida levam consigo uma vivência familiar do que é a coletividade, o pertencimento à sociedade”, observa. “Tratar a todos com amor e respeito, esse é o caminho.”