O resgate da presença negra em debate

Segundo encontro do projeto Rodas de Memória trouxe a Visibilidade Negra como tema

Publicada em 01/11/2017 - Atualizada em 17/10/2024
Edição ocorreu na última terça-feira, no Centro Municipal de Cultura - Foto: Joel Reichert

Aconteceu na noite da última terça-feira, 31, a segunda edição do projeto Rodas de Memória, desta vez com a temática “Visibilidade Negra”. O encontro ocorreu na sala 31 do Centro Municipal de Cultura e contou com a participação de Jussara Silva dos Santos, Roza Antônia da Silva e Arnildo Dutra, o Fininho. O destaque desta edição do Rodas foi o resgate de lembranças que percorreram a presença negra dentro da história de Novo Hamburgo até os dias de hoje.

No encontro, Jussara compartilhou as dificuldades sociais enfrentadas. “Eu era diretora da escola e quando alguma mãe vinha conversar, ficavam perguntando para as outras pessoas quem era a responsável. Eu era ignorada por ser negra”, contou. Dona Roza, como é conhecida, chegou ao município por volta de 1930 e acompanhou boa parte da transformação da cidade, como a divisão de clubes frequentados apenas por pessoas brancas, a formação da Sociedade Cruzeiro do Sul e o auge do calçado. Hoje, com 88 anos, Dona Roza deixou um recado. “Os jovens negros de hoje devem levantar a cabeça e ir a luta. É possível seguir em frente”, afirmou.

O projeto é uma realização da Secretaria da Cultura e tem parceria com o grupo de pesquisa Cultura e Memória da Comunidade da Universidade Feevale. Além disso, neste mês o Rodas de Memória também teve a parceria da Coordenadoria da Igualdade Racial.

O PROJETO

Rodas de Memória tem como proposta realizar encontros para compartilhar as memórias diversas do município. Os encontros mensais e temáticos contam com a participação de pessoas e personagens que atuaram dentro de grupos, movimentos e episódios marcantes com objetivo de resgatar memórias contadas por moradores de Novo Hamburgo. Além de uma forma de preservar histórias, o projeto também é uma ação de empoderamento e valorização da pessoa idosa.

As memórias serão compartilhadas de diversas maneiras: oralmente, por meio de músicas, fotografias, identificação de registros documentais, leituras de cartas ou poemas escritos pelos participantes. Assim, será possível traçar um paralelo entre as narrativas oficiais da cidade e as narrativas contadas pelos participantes dos encontros. Através destas memórias pessoais e coletivas, busca-se diferentes maneiras de enxergar a si mesmo e a cidade por estes indivíduos, que estão inseridos historicamente nos processos apresentados.