A música como alento durante o isolamento social

Publicado em 03/04/2020 - Editado em 15/10/2024 - 10:48
teste
Gustavo Müller tocou saxofone para os moradores do Condomínio Flamboyant
Crédito
Lu Freitas

Na tarde desta sexta-feira, dia 3, a Secretaria Municipal da Cultura e o Corpo de Bombeiros de Novo Hamburgo levaram a música de uma forma inusitada para moradores do Condomínio Flamboyant (Rua Três de Outubro, bairro Pátria Nova).



A uma altura de cerca de 20 metros, erguido pela escada Magirus do caminhão de combate a incêndio e acompanhado de um bombeiro, o músico da Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo, Gustavo Müller, 38 anos, tocou saxofone para uma “plateia” formada pelos residentes nos oito blocos de edifícios do condomínio, que estão em isolamento social, conforme decreto municipal.

No repertório, clássicos da música internacional, como “Imagine” de John Lennon e Heal the World de Michael Jackson, e nacionais como “Garota de Ipanema” de Tom Jobim e Vinícius de Moraes e Carinhoso de Pixinguinha. Para o músico a ação mostra o simbolismo da arte na vida das pessoas. “Principalmente agora nesse confinamento, as pessoas estão olhando mais filme, certamente olhando séries, lendo um livro, vendo algum show e por trás disso tudo tem produção artística, uma infinidade de profissionais da arte envolvidos em produção de conteúdo.”



Já o comandante dos Bombeiros, major Alexandre Sório Nunes, destacou que a opção foi por um condomínio próximo ao quartel para possibilitar um rápido deslocamento caso fosse necessário.

A atividade foi uma surpresa para os condôminos, que curtiram uma boa música da janela das suas casas. Luís Henrique Bottoni, mestrando em Processos e Manifestações Culturais da Universidade Feevale e morador do Condomínio Flamboyant ressaltou o quanto a ação é positiva. “Achei interessante como trouxe os moradores para um certo senso de comunidade, mesmo cada um isolado no seu apartamento. O papel de união que a arte atua como força pra além da moral, do bem e do mal, trazendo a arte e a cultura como força criadora de laços em momentos extremos. É bonito ver as pessoas aplaudindo, ainda que de suas janelas, a capacidade de imaginação de alternativas e soluções que a arte apresenta frente as adversidades”, contou.

"O que a gente experimentou hoje em Novo Hamburgo é o que já vem acontecendo dentro dos hospitais, dentro dos espaços de atendimento a saúde, em vários ambientes que não podem interromper suas atividades, mas que feito a partir da cultura, da arte, desse artista em especial, é empatia! É a gente se colocar no lugar do outro, é a gente se preocupar com o outro, é querer o bem estra do outro. É isso que a cultura de Novo Hamburgo está buscando", pontuou o secretário da Cultura, Ralfe Cardoso.