Jornalista e Cineasta visitam exposição e relembram época especial para a cultura

Evânia Reichert e Rejane Zilles prestigiaram a Exposição Casa Velha – 40 anos

Publicada em 07/06/2017 - Atualizada em 17/10/2024
A cineasta Rejane Zilles (esquerda) e a escritora Evânia Reichert (direita) visitaram a exposição e relembraram os tempos de ativismo cultural - Foto: Kauê Mallmann

Enquanto percorriam as salas de exposição do Espaço Cultural Albano Hartz, na tarde da última segunda-feira, 5, a jornalista Evânia Reichert e a cineasta Rejane Zilles relembravam os tempos em que fizeram parte de um dos movimentos artísticos mais importantes da história do Estado: o Casa Velha. Evânia, que à época do movimento era editora de Cultura do Jornal NH, foi a responsável por escrever o texto de abertura da exposição, que fica até o dia 14 de julho no Espaço para a visitação do público. A exposição Casa Velha: 40 anos integra o projeto Vestígios da Memória da Secretaria Municipal de Cultura.

Mais do que expectadoras, as duas tiveram participação ativa no desenvolvimento cultural no período, principalmente, no ramo das artes cênicas. Cheia de lembranças, Evânia comentou que a época foi fértil para a cultura local. “A primeira matéria do Carlão fui eu quem escreveu. Era sobre uma exposição que ele fez na FENAC, ainda em papelão. Alguns dias depois ele ganhou um importante concurso de artes plásticas, em 1974. Novo Hamburgo era vibrante naquela época. Acredito que isso se deve a três fatores determinantes: artistas ativistas, um poder público também formado por ativistas, e veículos de comunicação, especialmente o Jornal NH, que tinha ativistas culturais também. É preciso lembrar que era um período de ditadura, e a arte se tornou o meio de expressão das pessoas”, destacou a jornalista.

Evânia relembrou ainda a importância do Espaço Albano Hartz. “Aqui, onde está a exposição do Memorial do Carlão e a da Casa Velha, era a antiga Sociedade Ginástica. Foi onde aconteceu o 1º happening da cidade. Como diz o Flávio no documentário gravado para a exposição, naquela época isso não acontecia nem em São Paulo ainda, muito menos em Porto Alegre, e já acontecia em Novo Hamburgo. Utilizamos intervenções cênicas pelo Calçadão Osvaldo Cruz, como os Cabeças de Sepa, que marcaram a época. Foi um período muito produtivo culturalmente, de fusão dos diversos segmentos das artes”, contou Rejane ao se referir ao material que está em fase de lançamento sobre o artista Flávio Scholles.

Homenagem

Para Rejane Zilles, uma homenagem aos artistas locais que fizeram história na vida cultural da cidade é mais do que justa. “Como diz o próprio Scholles, precisamos dar valor ao que é nosso, à nossa origem. Passamos muitas horas juntos durante a produção e gravação do documentário, e ele sempre faz essa afirmação. Há uma frase de Leon Tolstói na entrada do seu ateliê que diz justamente isso: se queres ser universal, fala da tua aldeia”, diz Rejane. É justamente a isso que esta homenagem se propõe. Novo Hamburgo já foi referência nas artes, com esses movimentos. Já foi um dos maiores polos de teatro amador do Brasil, e isso ecoava no Rio de Janeiro e São Paulo. Os grandes grupos mandavam os seus representantes para cá para ver o que estava acontecendo. O próprio Paschoal Carlos Magno, que dá nome ao Teatro Municipal, era uma referência nas artes cênicas e vinha para cá acompanhar os Festivais de Esquetes. As novas gerações precisam saber que isso acontecia em Novo Hamburgo. É por tudo isso que esta exposição, esta homenagem, é legítima e importante. Para as novas gerações, é uma semente que está sendo plantada.”

Últimas semanas

A exposição Casa Velha – 40 anos fica no Albano Hartz até 14 de julho. Durante todo o ano, o espaço receberá artistas que fizeram parte deste movimento. O Memorial de Carlos Alberto de Oliveira, o Carlão, ficará permanentemente no primeiro andar do Espaço Cultural. O horário de visitação é de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Para agendar a visita guiada, é necessário entrar em contato através do telefone (51) 3581.2652. A entrada é gratuita.

Evânia Reichert

Evânia foi uma militante cultural nos anos 70. É atriz, terapeuta, escritora e professora. Na época da Casa Velha, era editora de Cultura do Jornal NH, e foi uma das principais responsáveis pela divulgação dos projetos culturais da cidade naquele período.

Rejane Zilles

Rejane é atriz e diretora de cinema. Atualmente, reside no Rio de Janeiro, exercendo a profissão. Como atriz, ficou conhecida pela sua atuação no filme Chico Xavier (2010) e na produção de lançamento do cultuado Central do Brasil (1998), e em novelas como Salve Jorge e A Vida da Gente (TV Globo). Como diretora, produziu obras como “O Livro de Walachai” e o documentário “Scholles – Sementes da Cor”, ainda em lançamento.

Serviço:

Exposição Casa Velha – 40 anos

Quando: até 14 de junho de 2017

Horário: de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h

Onde: Espaço Cultural Albano Hartz (Calçadão Osvaldo Cruz, 112 – Centro)

Entrada: gratuita