Força conjunta realiza nova fiscalização no Rio dos Sinos
Desde a criação do Projeto Rio Vivo (em 2010), as fiscalizações ocorrem a cada quinze dias (antes, o monitoramento era realizado apenas em ocasiões de seca ou em casos de mortandade de peixes), mas com a chegada do mês de novembro esse serviço foi intensificado. O motivo é que, nesta época, por causa da escassez de chuvas e do aumento das temperaturas, o rio começa a sofrer com as estiagens e as consequentes baixas no nível da água, que podem causar acidentes ambientais e resultar em novas mortandades de peixes. Além disso, com o descarte de efluentes no rio, estes riscos se tornam maior. Juntamente com o monitoramento, também ocorre a fiscalização da pesca, que é ilegal nesta época do ano (período de defeso).
Resultados
Nesta última vistoria foi constatado que os níveis do rio estavam preocupantes, tanto que um dos barcos teve problemas para atravessar o trecho entre Novo Hamburgo e Campo Bom. Primeiro ele encalhou em um banco de areia e depois teve as hélices presas em restos de couro, tecido, borracha e arame, prejudicando a fiscalização.
De acordo com a SEMAM, o nível do rio estava em 0,95 metro, o que preocupa, não apenas por ser um número baixo (o ideal para esta época seria em torno de 2,5 metros), mas pelas altas temperaturas que diminuem a capacidade de retenção de oxigênio. A concentração de oxigênio dissolvido também começa a dar sinais negativos, em torno de 3 mg/L (taxas entre 5 e 6 seriam consideradas bons números). A condutividade, parâmetro que revela a concentração de íons na água e que serve como indicativo de poluição, estava entre 100 e 110 uS/L. De acordo com a SEMAM, este número representa que o rio necessita de cuidados, até porque o ideal seria menos de 60uS/cm.
Quanto à fiscalização da pesca, na vistoria não foi encontrada nenhuma rede, o que, segundo o titular da SEMAM, Ubiratan Hack, mostra que as pessoas estão se conscientizando sobre os danos que a pesca pode causar ao rio nesta época do ano. “Esse período do ano engloba a piracema, o fenômeno de desova dos peixes. Conhecemos a qualidade do rio e agora precisamos fazer um trabalho de conscientização e fiscalização, com o auxílio da Delegacia Especializada de Meio Ambiente (DEMA)”, conta Hack. De acordo com o secretário, as idas ao rio continuam a ser realizadas quinzenalmente, mas o principal trabalho agora é em terra firme. “As empresas têm que estar conscientes de que não podem cometer erros com o rio nesta situação”, destacou.
Primeiro ano de projeto
Embora neste primeiro ano o Rio Vivo tenha focado principalmente em levantar dados para embasar os próximos anos de monitoramento, já foi possível traçar o comportamento do rio nos períodos de cheia e de estiagem. Foi possível também determinar a capacidade de estabilização do Rio após a interferência do arroio. E a principal conclusão a que se chegou é que a qualidade da água varia na mesma proporção em que ocorre o aumento do nível do rio. Os níveis do rio neste um ano de projeto variaram de 5 metros, no período da cheia, para menos de 50 centímetros no período de maior estiagem. A concentração de oxigênio dissolvido é um dos parâmetros que mais demonstra a influência do volume de água em relação à qualidade.
Para desenvolver a ação, a SEMAM conta com uma equipe multidisciplinar composta de técnicos de diversas áreas. São dois biólogos, uma engenheira química, um engenheiro civil, um engenheiro agrônomo, um geólogo, três técnicas químicas, dois gestores ambientais e seis pilotos habilitados. Além disso, conta com uma estrutura física com três barcos, quatro motores, dois reboques, quatro veículos com disponibilidade de transporte das embarcações, uma sonda multiparamétrica, um oxímetro, um sonar (Ecobatímetro), dois GPS´s de localização, equipamentos de proteção individual e coletiva e rádios de comunicação (HT).