“Eu não sabia o que era Pilates, e nem que era tão bom!” Entusiasmada, é assim que dona Selmira Wasem fala da atividade que descobriu há dois anos e que se tornou parte fundamental de sua rotina. Aos 89 anos, ela é a aluna mais assídua do núcleo do bairro Ideal do Programa Melhor Idade (PMI), coordenado pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Smel). Duas vezes por semana, ela encontra amigos e divide o tempo entre o exercício físico e a integração social, na sede da Igreja Luterana na Rua Tupiniquins. Um exemplo de vitalidade e amor pela vida.

Viúva há duas décadas, ela dedicou boa parte de sua vida à costura de calçados. Mãe de um filho de 70 anos, e orgulhosa avó de uma moça de 30, conta alegre o quanto a sua agenda é cheia. Em todos os dias da semana, tem atividades, e cuida não somente do corpo físico, mas mantém uma rotina de devoção na igreja, tendo sido inclusive durante um culto que soube do PMI. “Eu levo a vida de maneira muito normal, faço o que gosto, o cansaço existe às vezes de forma muito natural, atinge meu corpo porque sou humana e chega uma hora que cansa mesmo, mas isso é com todo mundo, ne?”, diz entre risos, ao ressaltar que nunca ficou parada, sempre trabalhou e procurou manter a mente ocupada. Dona Selmira mora no bairro Ideal e dá conta sozinha de sua casa e dos afazeres domésticos.

Com voz calma, clara e pausada, ela conta, com humildade, e talvez aí esteja uma das grandes lições de dona Selmira, o quanto gosta de viver e por que isso a faz feliz. Quando questionada sobre que tipo de “lição ou recado” deixaria para os jovens que “só reclamam da vida e do cansaço”, com toda serenidade ela responde: “não adianta, esse tipo de coisa as pessoas acabam descobrindo, não adianta ensinar”.

A coordenadora do PMI, Raquel Gonçalves, reforça as características de dona Selmira. Trata-se, diz ela, de uma pessoa extremamente comprometida com as coisas das quais ela gosta. “É a aluna mais assídua deste núcleo, em todos esses anos, só faltou por estar gripada, certa vez. Antes de vir para as aulas, faz questão de estar com todas as atividades da casa em dia, louça lavada e guardada”, comenta a coordenadora.

Com voz pausada e muito lúcida, dona Selmira conta que as dificuldades que enfrentou na vida não são extraordinárias e sua história não é diferente da maioria das pessoas. O que pode ser diferente, diz ela, é a forma de encarar as coisas ruins. “Se tiver de escolher, eu escolho ser feliz”, pondera.

Dona Selmira integra um grupo de 1350 idosos que participam de atividades divididas em 22 núcleos no município, coordenados pela Smel. Os alunos têm à disposição aulas de pilates, câmbio, ritmos e ginástica. Mais informações sobre o programa podem ser obtidas pelo telefone 3595-1577.