Inspirada por uma fala do importante teórico da comunicação Walter Benjamin, a exposição “Estranhos Íntimos”, da fotógrafa hamburguense Thiéle Elissa, é composta por 16 obras em preto e branco que poderão ser prestigiadas a partir desta segunda-feira, dia 8, até o dia 29 de julho, na Galeria Municipal da Casa das Artes.

Benjamin diz que antes do desenvolvimento dos transportes coletivos, as pessoas não conheciam a situação de se olhar reciprocamente por minutos ou horas a fio sem dirigir a palavra umas às outras. Diante dessa perspectiva, a artista começou a registrar os olhares de pessoas dentro do trem. “Com uma estética de close furtivo, obtida na pós-produção, desloco-os de seu local de origem, os levando para outro espaço temporal e remontando a troca de olhares desses estranhos íntimos”, explica a artista.

Este projeto foi desenvolvido com o uso do celular para mostrar que não é necessário utilizar grandes equipamentos para criar obras de arte e, para conseguir o efeito visual exposto, as imagens foram posteriormente recortadas até alcançar a estética de close. Além delas, a exposição também conta com imagens abstratas que, apesar de fazerem parte do mesmo trem em que o trabalho foi feito, têm o poder de transportar o público para outros lugares, utilizando aspectos que já conhecem, como o teto, o chão e os assentos, construindo uma narrativa própria de cada espectador. A exposição oferece descrição em braille, aproximando a inclusão do espaço artístico.

Thiéle vai além da exposição e propõe duas atividades interativas para as crianças e os adolescentes. Primeiro, a artista traz uma sugestão de exercício para ser realizado durante a mediação ou na volta à escola, quando orienta que os alunos sentem frente a frente e propõe um exercício de observação durante 5 ou 10 minutos. Nesse período eles não poderão se comunicar por palavras, apenas por trocas de olhares. Passado esse tempo, cada um pode ser incentivado a desenhar ou descrever o colega sentado à sua frente. A descrição pode ser escrita ou falada. Nesse sentido, alguns questionamentos são importantes: “Durante o tempo de observação, o que te chamou atenção?”; “Como é a fisionomia do colega?”; “Quais foram as expressões que ele fez?”; “Como é o ambiente ao redor dele?”. Segundo a artista, é importante abordar o exercício de permanecer em silêncio e se comunicar apenas pelos olhos. “Foi fácil, foi difícil?”; “Como você se sentiu?”, questiona ela.

A exposição pode ser visitada até o dia 29 de julho de terça a sexta-feira, das 9h às 17h45, e no sábado, das 9h às 15h45. A Casa das Artes fica na Avenida Primeiro de Março, nº 59, no Centro.

Oficina com a artista

Além da atividade sugerida, também será oferecida uma Oficina de Fotografia de Celular no dia 22 de julho, das 9h às 12h. A Oficina contará com uma visita guiada pela própria artista pela exposição e apresentação do trabalho como fotógrafa, exercícios a partir da exposição, fala sobre fotografia de celular, técnicas, dicas, exercícios práticos e um exercício final de retrato. A atividade é destinada para maiores de 14 anos e todos devem levar o seu celular. Serão oferecidas 12 vagas. As inscrições devem ser feitas através do e-mail casadasartes@novohamburgo.rs.gov.br ou pelo telefone (51) 3600-1109 até o dia 21 ou até que as vagas se esgotem.