Auditório lotado no seminário promovido pela Prefeitura sobre Lei Maria da Penha
Encontro na Ftec teve como tema os 11 anos da legislação que fez história mas ainda registra falhas em sua aplicação

Com o auditório da Ftec lotado, por um público em torno de 200 espectadores, o 2º Seminário da Lei Maria da Penha foi realizado pela Prefeitura de Novo Hamburgo na tarde de quarta-feira, dia 9. A iniciativa fez franca referência aos 11 anos da aprovação da norma brasileira nº 11.340/06, mais conhecida como Lei Maria da Penha (LMP).
Organizado pela Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS), por meio da Coordenadoria de Políticas Públicas para Mulheres, que tem à frente a psicóloga Giovana Guadalupe, e Conselho Municipal de Direitos das Mulheres (Comdim), o encontro estimulou o debate pelo enfrentamento à violência doméstica e familiar.
Baseado em dados, mas especialmente em vivências capazes de motivar e levar à elaboração de políticas públicas de composição plural entre órgãos, instituições e sociedade, o simpósio teve como um de seus nortes a representatividade do Viva Mulher no Município. Esse serviço de acolhimento e atendimento foi levado ao seminário por sua coordenadora, a psicóloga Elis Regina Barros Evaldt. Também ajudaram a compor a identidade do seminário o Creas Pop/SAS Rua, o Programa Catavida e a Comusa.
Foi inevitável que a cobrança generalizada por plena efetividade dessa lei que fez história, no Brasil e no mundo, viesse à tona no decorrer da tarde. Não parece restar dúvidas de que foram grandes os avanços registrados desde a sanção da LMP em 7 de agosto de 2006. Apesar de todos os desafios que ainda permanecem para a sua completa aplicação, tornou-se notório que se trata de uma das melhores normas legais do gênero no mundo.
A mesa de abertura do seminário – na verdade, um cenário que reproduzia uma sala de estar – foi formada pelo secretário de Segurança, General Roberto Jungthon, representando a prefeita Fátima Daudt; a secretária de Desenvolvimento Social, Flávia Ruschel Petry, a comandante da Guarda Municipal, Luiza Schmidt, a titular do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Comdim), Glacira Silva, o representante do Conselho Municipal de Assistência Social (Comas) Orlando Pinheiro, a diretora das promotorias de Justiça de Novo Hamburgo, Juliana Maria Giongo, a capitã da Brigada Militar do Município, Carine Reolon, e a tenente-coronel da BM de Porto Alegre e vereadora na Capital, a comandante Nádia Gerhard, que idealizou e implantou a Patrulha Maria da Penha no Rio Grande do Sul.
A secretária de Desenvolvimento Social, Flávia Ruschel Petry, usou o tempo de sua fala para pedir licença às vítimas ainda silenciosas e se expressar em nome delas, lembrando com especial atenção dos casos de feminicídio registrados. "Apesar de termos avançado, e falo isso como assistente social da rede há tantos anos, destaco a importância dos conselhos para a efetivação plena das políticas públicas em relação ao tema", assinalou.
"Nós temos um ordenamento jurídico excelente no Brasil, mas é preciso colocar em prática, pois vale lembrar que a violência doméstica está na lista de agravos de notificação obrigatória das secretarias de saúde", destacou a secretária. A titular da SDS se refere à Portaria nº 204 do Ministério da Saúde, de 2016, inclusive em referência a casos de agressões e maus tratos, que precisam ser identificados, na Lista de Notificação Compulsória (LNC).
Para o secretário municipal de Segurança, General Roberto Jungthon, que transmitiu o abraço da prefeita aos presentes, é necessário que todos reafirmem o sentimento da não violência. “E, então, de posse dessa chama de convicção, que passemos a incendiar, no sentido de influenciar, as demais pessoas”, observou.
Time de mulheres conduziu os painéis
Dividido em painéis, o seminário contou com a participação da advogada Paola Braun, mais a titular da Polícia Civil da Delegacia da Mulher de Novo Hamburgo (Deam NH), Raquel Machado Peixoto, e a coordenadora da Psicologia da Feevale, Maria Lucia Rodrigues Langone. Já a psicóloga Elis Regina apresentou o serviço Viva Mulher e a professora do curso de Direito da Feevale Lisiana Carraro falou sobre o Núcleo de Apoio aos Direitos da Mulher (Nadim), que é um projeto de extensão da universidade hamburguense.
Com revezamento de mestres de cerimônias, desde a coordenadoria do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), por Luciana Quaiato, até a pedagoga da SDS Marilene Alves Lemes, o encontro também teve seus emocionantes momentos culturais. Representando as mulheres de elevada autoestima, houve a apresentação de dança cigana com a professora do Senac NH Tania Franzen e a interpretação da música “Maria da Penha” (originalmente com Alcione) na voz da cabeleireira Vivian Vaz, que trabalha como mobilizadora social pelo empoderamento feminino.