Um ano de covid, confira como Novo Hamburgo tem enfrentado a pandemia

Linha de apoio
Ampliação de leitos e da estrutura de atendimento, plano de imunização e campanhas de conscientização fazem parte da estratégia da administração municipal
Publicado em 29/03/2021 - Editado em 15/10/2024 - 10:49
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Leitos de UTI foram ampliados em mais de 330%, leitos clínicos criados e estrutura expandida neste período
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Lu Freitas

Quando o primeiro caso de Covid-19 foi registrado entre os hamburguenses, em 29 de março de 2020, a cidade já vivia uma rotina diferente, de apreensão, pois a doença já assustava com sua força demonstrada na Europa depois de ter surgido em Wuhan, na China. O alerta em Novo Hamburgo começou ainda em janeiro do ano passado e, imediatamente, foram tomadas providências. De lá para cá, os leitos de UTI foram ampliados em mais de 330%, além de mais de uma centena de leitos clínicos, da criação e ampliação da estrutura de triagem, constantes adequações no plano de contingência, implantação do plano de imunização e intensas campanhas de conscientização.

“Eu gostaria, muito, que houvesse neste momento, vacina para todos. É um esforço do qual não nos cansamos e queremos ver o maior número possível de hamburguenses imunizados contra esta doença que tanta dor e tristeza já causou. O ritmo de vacinação é estabelecido conforme o envio de doses pelo Ministério da Saúde e, infelizmente, ainda está lento no País”, afirma a prefeita Fátima Daudt.

Ao olhar para este primeiro ano de pandemia na cidade, a prefeita ressalta o empenho do Município para não deixar nenhum hamburguense sem atendimento e exalta o trabalho dos profissionais da saúde. “São eles nossos heróis. Abriram mão de suas vidas pessoais, sem medir esforços para estar a favor da vida”, salienta, reforçando pedido para que todos, inclusive quem já foi vacinado, siga com os cuidados individuais: usa máscara, lavar as mãos com frequência, sempre que possível com álcool gel, e evitar aglomerações.”

O secretário municipal de Saúde, Naasom Luciano, completa destacando o trabalho de vacinação. “Importante que a comunidade entenda nossa organização. Quando realizamos os drives, há doses suficientes para todos que estão sendo chamados. Esta é uma luta de todos os hamburguenses”, enfatiza.

Mobilização que começou cedo

Novo Hamburgo entendeu e deu ouvidos ao alerta de janeiro de 2020, três meses antes do primeiro caso no Rio Grande do Sul, quando um caso suspeito surgiu na cidade (um empresário vindo da Itália, onde a doença já era uma realidade assustadora). Imediatamente, a Prefeitura começou a treinar profissionais da saúde e donos de estabelecimentos como restaurantes, bares e hotéis para que adotassem medidas de proteção sanitária.



Passado um ano do início da pandemia do coronavírus, e da primeira morte no Brasil, registrada em fevereiro de 2020 em São Paulo, o contexto mundial ainda preocupa bastante, e Novo Hamburgo segue, assim como aconteceu durante todo o ano de 2020, aperfeiçoando e reforçando toda a estrutura no enfrentamento ao inimigo que sofreu mutações e ainda espalha medo, de modo que em nenhum momento, houve falta de atendimento para os hamburguenses.

Num grande esforço para atingir o máximo de pessoas, o plano de imunização segue entre os grupos prioritários, e a esperança de aumentar esses números segue na proporção inversa do aumento de infecções, internações e óbitos em Novo Hamburgo. Até sábado, 27, já foram aplicadas 31.423 doses de vacina contra a covid-19 no município, num processo que teve início em 19 de janeiro, quando a primeira dose foi aplicada em solo hamburguense. A Central de Fiscalização especialmente criada para agir durante a pandemia, conta com ação da Guarda Municipal junto às outras forças de segurança (Brigada Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros), e atua fortemente com interrupções de festas e aglomerações mediante denúncias da comunidade.

Enfrentando o vírus em Novo Hamburgo



Em março de 2020, quando o primeiro caso da doença no Estado foi apontado em Campo Bom, Novo Hamburgo já instalava o Gabinete de Gestão ao Coronavírus, sendo o primeiro município gaúcho a montar um Centro de Triagem Covid, uma estrutura completa e isolada, ao lado do Hospital Municipal. Foram abertos os primeiros 10 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 20 leitos clínicos para pacientes infectados pelo novo coronavírus. O município adquiriu testes e firmou parceria com a Universidade Feevale para as testagens.



Criada em abril de 2020, a Central de Fiscalização se tornou importante ferramenta no enfrentamento aos descumprimentos das regras e orientações para evitar o contágio pelo novo coronavírus quando passou a ser determinado o uso obrigatório de máscaras. O Centro Covid registrava, nesse período um atendimento diário que chegava a 33 pacientes em um só dia.



Os números sobem, em maio os atendimentos no Centro Covid chegam a 649 pessoas com um pico diário de 36 pacientes. A cidade contabilizava mais de 1200 testes realizados e o município orienta desinfecção de unidades de saúde, além de fazer a distribuição de máscaras para a população em situação de vulnerabilidade social. A fim de minimizar o impacto da pandemia, a Prefeitura organizou a distribuição de cestas básicas para famílias em situação de vulnerabilidade social. Até o final de 2020, 15 mil cestas básicas foram distribuídas, num total de 270 toneladas de alimentos. Os atendimentos no Centro Covid chegam a 649 no mês com pico diário de 36 pacientes. Ainda em maio, profissionais de saúde do Hospital passam a contar com o espaço de descompressão. Cinco mil máscaras são compradas pela Prefeitura do projeto Economia Solidária, para distribuição às pessoas necessitadas.



Quando o inverno 2020 chegou, a preocupação com a infecção pelo novo coronavírus se intensificou e a administração municipal recebeu cinco respiradores mecânicos e leitos do governo estadual. Com ampliação em 150% dos leitos de UTI, Novo Hamburgo é destaque, passando a oferecer um total de 35 leitos de UTI exclusivos para doentes de covid-19, além de 79 leitos clínicos para pacientes infectados. Agora, o Centro Covid contabiliza 1344 atendimentos no mês com número máximo de 89 pacientes diários. Novamente as unidades de saúde passam por limpeza e desinfecção e, para evitar aglomerações, praças e espaços públicos são fechados.



A prefeita Fátima Daudt vai pessoalmente a Brasília pedir agilidade no envio de medicamentos em julho de 2020. A cidade disponibiliza o chamado tratamento precoce para pacientes que assinem documento se responsabilizando por efeitos colaterais. Com o lançamento de uma plataforma com informações em tempo real sobre os atendimentos, Novo Hamburgo amplia a transparência. Junto com o Sebrae, Prefeitura oferece ajuda a micro e pequenos empresários em razão da pandemia. O atendimento no Centro Covid chega 1914 pessoas no mês de julho com 87 atendimentos em um só dia. Os jogos do Campeonato Gaúcho são vetados na cidade como mais uma possibilidade de evitar o contágio.



Ainda em meio às baixas temperaturas do inverno gaúcho, o município dá sequência à distribuição de máscaras e ações de conscientização nos bairros e o hospital recebe mais três respiradores mecânicos por meio de emenda parlamentar, abrindo também contratação para mais profissionais de saúde. O Centro Covid registra queda no atendimento e, no final de agosto, a cidade registra 17.800 testes realizados, dos quais 4.180 positivos. Pacientes recuperados da doença somam, nesse período, 3.690 e há 127 óbitos.



Mais cinco leitos são habilitados pelo Ministério da Saúde em setembro, enquanto o movimento no Centro Covid segue em queda. Ao final do mês, a cidade tem 22.930 testes realizados, 5.840 casos confirmados e 5.030 pacientes recuperados. Se no mês anterior havia 48 pessoas internadas, em setembro são 35. Ainda com atendimentos em queda no Centro de Triagem, outubro registra 27.230 testes realizados, destes 7.300 positivos, 6.230 recuperados, 195 óbitos e 28 internações.



No auge da primavera, em novembro, a procura por atendimentos no Centro Covid aumenta para 2.814 pacientes no mês e o município intensifica a fiscalização com a união das forças de segurança: Guarda Municipal, Brigada Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros. Já são 33.160 testes realizados em Novo Hamburgo, com 9.080 positivos. 7.720 pacientes recuperados e 62 internados, sendo 22 na UTI. Em novembro de 2020 a cidade atinge a marca de 200 mortes por covid-19.



A chegada de dezembro aumenta a preocupação e a prefeita Fátima Daudt alerta contra aglomerações e festas de Natal e fim de ano. Agentes comunitários percorrem as ruas para orientar a população sobre os cuidados com a higienização constante e o uso de máscaras e novo chamamento para contratação de pessoal é feito pelo Hospital Municipal. Prefeitura anuncia ampliação de testes para 40.050, com 11.790 testes positivos, 10.290 recuperados.



Se em dezembro a maior preocupação era aglomerações por conta das festas de Natal e Ano Novo, em janeiro de 2021 o receio estava em torno das reuniões no litoral por conta do verão. Em todo o País aumentam os casos da doença. Mas, junto disso, a esperança se concretiza na cidade e, em 19 de janeiro, a médica Bárbara Fior é a primeira pessoa a receber a primeira dose da vacina contra a covid-19 em Novo Hamburgo. No final de janeiro, o município contabiliza 2 mil doses aplicadas. Ao registrar 45.090 testes realizados, sendo 14.600 positivos, com 12.950 pacientes recuperados da covid-19 e 39 internações, o município aponta queda no movimento do Centro Covid.



Um cenário de drama, morte e tristeza se instala em todo o País a partir do início de fevereiro quando todos os índices relacionados à infecção pelo novo coronavírus aumentam. Hospitais, privados e públicos anunciam superlotação de pacientes infectados e Novo Hamburgo tem recorde no atendimento no Centro Covid, com um pico de 180 pessoas em um único dia. A quantidade de respiradores mecânicos aumenta para 80 e a UBS Rincão é fechada para que os profissionais de lá possam auxiliar no atendimento do Centro. Enquanto as equipes de saúde são vacinadas nas próprias unidades, a presença de acompanhantes é restringida para evitar o contágio. Fevereiro chega ao final com o registro de 12.340 doses de vacina aplicadas, 49.150 testes realizados, sendo 16.360 positivos, 14.280 pacientes recuperados da doença. Mas, Novo Hamburgo atinge 410 óbitos e 97 pessoas seguem internadas.



O pior momento da pandemia e o reforço da esperança com a vacina



Março de 2021 é o pior momento da pandemia, não somente em Novo Hamburgo, mas no Estado e no Brasil todo. Recordes de mortes e ocupação de leitos clínicos e de UTI configuram um cenário de medo e incertezas e o Rio Grande do Sul decreta bandeira preta em todo o seu território. Nesse contexto, Novo Hamburgo amplia para 43 o número de leitos de UTI e aumenta a área física para oferecer mais leitos clínicos no Hospital Municipal, o Centro Covid registra atendimento diário de 150 pessoas. No entanto, os problemas são potencializados pela dificuldade em contratar profissionais da saúde.

A Prefeitura volta a intensificar a distribuição de máscaras e álcool gel à população em situação de vulnerabilidade, com material informativo com orientações para evitar o contágio pelo novo coronavírus. A vacinação avança no modelo drive-thru e postos de saúde também fazem agendamentos para integrantes dos grupos prioritários que não puderam comparecer às ações de drive realizadas nos pavilhões da Fenac. Junto a essa mobilização, a Prefeitura promulga lei que autoriza a participação do Município em consórcios para compra de vacina.



As últimas semanas foram marcadas pelo intenso movimento nos pavilhões da Fenac entre pessoas que pertencem aos grupos prioritários. Já foram imunizados profissionais da saúde e idosos com mais de 70 anos. Os últimos dias de março, vão contemplar a vacinação para pessoas com mais de 69, 68 e 67 anos, respectivamente, até a próxima quinta-feira.