Restaura NH: justiça restaurativa para valorizar o melhor do ser humano

“O Programa Municipal de Pacificação Restaurativa de Novo Hamburgo (Restaura NH) busca valorizar o melhor do ser humano que habita em cada um de nós e que, muitas vezes, está oculto e esquecido por trás de nossas máscaras sociais”, explica a coordenadora do Programa, Beatriz Pontes Ferreira da Rosa. O Restaura NH foi construído por um grupo de trabalho composto por facilitadores formados em Justiça Restaurativa (JR) pelo Programa do TJRS – JR.
O Restaura NH iniciou em 2019, depois de sua aprovação pela Lei Municipal nº 3133/2018, e consiste em um conjunto articulado de estratégias inspiradas nos princípios da Justiça Restaurativa, abrangendo atividades de pedagogia social, promotoras da Cultura de Paz e do Diálogo, sendo implementadas mediante a oferta de serviços de solução autocompositiva de conflitos.
O trabalho é realizado por facilitadores voluntários por meio dos círculos de construção de paz, vindo de uma metodologia inspirada nas práticas ancestrais, resgatada e organizada pela norte-americana Kay Pranis. O atendimento é feito com as pessoa e suas famílias, integrantes da comunidade, das instituições de ensino e outras instituições da iniciativa privada, que estejam vivenciando situações conflitivas, de violência ou necessidade de fortalecimento de vínculos, bem como jovens em cumprimento de medida socioeducativas, a partir de encaminhamentos pela rede de proteção socioassistencial.
Um dos trabalhos desenvolvidos é o do projeto “Conexões Restaurativas que Abrem Portas”, em que participam adolescentes do Centro de Atendimento Socioeducativo de Novo Hamburgo (Case NH), que surgiu a partir de uma iniciativa entre o Juizado da Infância e Juventude de Novo Hamburgo (JIJ/NH), o Restaura NH e o Case NH. O Objetivo é fortalecer os laços sociais dos jovens em um processo de integração social, sem mais o uso da violência.
“Em um Encontro Restaurativo de Construção de Paz, tanto os facilitadores como os jovens sentam em um círculo para que cada um tenha seu espaço de fala e momento de escuta, podendo refletir sobre seus sentimentos, necessidades e os caminhos na vida", detalha Beatriz, ressaltando que todos os encontros são formados por protagonismo e confiança. “O que é dito ali, fica ali”, completa.
Em um primeiro momento, foi realizado um círculo com a presença de 10 jovens, duas agentes socioeducadoras e duas facilitadoras do Restaura NH. Em seguida, todos os participantes se motivaram a dar continuidade aos encontros. Porém, em virtude da pandemia da covid-19, o projeto passou a ser chamado de Encontros Restaurativos, por não contarem com todos os elementos da prática presencial e ocorrerem por videochamada.
A metodologia desse projeto rendeu ainda a oportunidade para que fosse apresentado no “Congresso Internacional da Justiça Restaurativa: discursos dominantes e caminhos de resistências e potências”, no dia 28 de julho. Assim, o Projeto Conexões Restaurativas que Abrem Portas foi mostrado para pessoas de diferentes regiões do Brasil e do mundo.
O Restaura NH também abre oportunidades formativas para o público geral em Workshops e Seminários virtuais, como o que está acontecendo atualmente no Seminário “Entendendo a Interseccionalidade por lentes Restaurativas para relações justas”. Realizado em encontros mensais sobre as diversas temáticas que compõem a interseccionalidade, com importantes convidados que trazem suas experiências restaurativas. A coordenadora explica que são diálogos sobre os sistemas de opressão da sociedade. “Nos seminários trabalhamos temas como justiça socioambiental, raça, gênero, orientação sexual, religiosidade, classe e território”, comenta Beatriz. Mais informações sobre futuros seminários podem ser encontradas no link (clique aqui).
Trabalhar questões problemáticas em busca de relações sociais mais saudáveis segue sendo o principal objetivo do Restaura NH. O Programa pratica a justiça restaurativa como forma empática para ouvir também o lado do ofensor e restaurar sua humanidade.