Uma aula de humanidade com Lelei Teixeira
Evento da Feevale, com apoio da Secretaria de Cultura, aconteceu na segunda-feira, dia 22

A Universidade Feevale, com o apoio da Secretaria de Cultura de Novo Hamburgo, proporcionou na noite de segunda-feira, 22, um momento de diálogo e reflexão sobre as questões do preconceito, direitos humanos e bullying, na palestra da jornalista Lelei Teixeira, durante a “Aula Aberta: Afinal, quem é (a)normal?”. O projeto, que aconteceu no câmpus II da Feevale, teve realização do Projeto Comunicação e Ação na Escola e da disciplina de Comunicação e Direitos Humanos do Curso de Comunicação Social, e contou com a parceria dos Programas de Pós-Graduação em Diversidade Cultural e Inclusão Social e em Processos e Manifestações Culturais.
Para um público formado em sua maioria por estudantes de comunicação dos cursos de graduação, pós-graduação e mestrado, Lelei fez um relato das suas experiências como pessoa com nanismo, as dificuldades enfrentadas no dia a dia nas relações interpessoais e de trabalho. Ela destacou, principalmente, o papel da mídia na transformação das percepções humanas em relação às pessoas com algum tipo de “diferença”, ou que fujam dos padrões estabelecidos como corretos e aceitos.
Em sua fala, a jornalista exemplificou as condições de exploração da mídia em relação às pessoas com deficiência. “Estamos impregnados pelo mito da superação. A realidade da pessoa com deficiência não tem valor para a mídia. Mas quando se consegue alcançar um objetivo, cria-se o mito da superação. Quem não se supera, é excluído”, constatou. Para Lelei, uma mudança profunda na visão da mídia é necessária. “É preciso mudar a ideia de exploração da imagem das pessoas com deficiência. Não queremos ser heróis nem vítimas. Queremos apenas que haja uma reflexão e humanização do assunto”, relatou.
Outro tema abordado pela jornalista foi o da exploração de pessoas com deficiência pelos programas televisivos populares. Ela teceu críticas aos programas que privam o espectador da reflexão e do pensamento crítico, além de explorarem a imagem do anão de forma estereotipada ou utilizando a deficiência para comover e causar pena.
Durante as perguntas dos alunos, a palestrante ainda falou dos discursos de ódio, impulsionados principalmente pelas redes sociais, e da necessidade de se ampliar o diálogo sobre as diferenças. “Nos anos 70, quando me mudei para Porto Alegre, caminhar na rua, sendo anã, era até mesmo inseguro. As pessoas não estavam acostumadas às diferenças. Hoje, as pessoas consideradas diferentes pela sociedade não se escondem mais em cada. As diferenças estão em evidência, e o debate sobre isso também”, afirmou Lelei.
No fim da aula aberta, a diretora de Cultura e professora da Feevale, Saraí Schmidt, ressaltou a importância de levar esse tipo de conversa para os estudantes e para a comunidade. “Em 16 anos de Feevale, penso que hoje foi uma das aulas mais importantes até hoje. A Lelei nos deu um relato incrível, dividindo toda a sua experiência. É fundamental discutirmos o preconceito na nossa sociedade”, ponderou.
A palestrante
Formada em jornalismo pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Lelei Teixeira tem em seu currículo trabalhos realizados em empresas como Zero Hora, Correio do Povo, Rede Pampa e TV Educativa de Porto Alegre (TVE). Também já realizou a assessoria de imprensa de eventos como: Festival de Cinema de Gramado e Feira do Livro de Porto Alegre. Atualmente, a jornalista faz parte da equipe da Gira Produção e Conteúdo e dedica-se ao blog “Isso Não É Comum” (issonaoecomum.sul21.com.br), em parceria com o Portal Sul 21, no qual compartilha experiências sobre o cotidiano de pessoas que têm diferenças que podem provocar o preconceito, a exclusão e a segregação.